3.07.2008

Azul

Tua cor desbotada manchou meu lençol, manchou minhas roupas e nas minhas coxas deixou marca indelével de mãos.
No quarto vazio dos nossos planos só me restaram teu cheiro, tua tinta e tua acidez tantas vezes destilada como veneno em discussões pós-sexo.
Brincadeira pequena de espírito pequeno, razões mesquinhas para continuar com tudo. Segurança fútil baseada em um castelinho no ar, flutuando com cordas que mãos em desespero tentam agarrar.
Tua cor desbotada manchou minha garganta. Acordo ressecada por dentro, cuspindo teu azul que grudou em mim naquele beijo cheio de rancor.
Queria eu que tua cor sumisse e que somente tua memória desbotada ficasse. Mas não consigo, e como se não bastasse minha comida tem teu gosto. Adorável, odiável, simplesmente você. Deixou marcas em fogo e salgou meus alimentos com teu suor de desejo.
Caçei-te tanto, com arco, flecha, espada e escudo, acabei derrotada ficando, caça ferida e amedrontada, acuada na cama, banhada de lágrimas e ardente de raiva.
Tua cor desbotada manchou meu caminho, e mesmo depois da porta batida e de nossos sonhos sem vida, eu procurei uma saída.
Mesmo depois de meses sem ouvir teus passos, meu amor, tua cor maldita e desbotada ficou em mim, me sufocando.

Nenhum comentário: